quinta-feira, 10 de setembro de 2009

REFLEXÃO


O 2º Encontro de professores-formadores do Gestar em Belo Horizonte foi importante como troca de informações e aprofundamento das relações interpessoais. Pelos relatos, vimos que o Gestar esta mudando a prática do ensino de português.
Agora sei que a UNB pensou grande a respeito do ensino da nossa língua e literatura. Não basta diagnosticar, fazer pesquisa se o resultado não chega na ponta. Este projeto nos mostra que há um grupo que sabe o que é "ensinar". Mais que conhecimento é preciso ouvir as vozes, ainda que fracas do "grande sertão" que é o Brasil.
Falo dos professores isolados, perdidos, desanimados, sem recursos, das pequenas cidades, dos povoados, da zona rural, com um mimiógrafo capenga, que querem ensinar crianças "felizes", sorridentes, com bocas sujas de fruta madura, que sobem em árvores, mas não acreditam que podem mudar a sua realidade. A "bolsa-família" garante a frequência, a merenda escolar o alimento, ainda que precário, mas biblioteca, livro não atrai.
A melhor aula é sempre a de Educação Física, livro é sofrimento, carteira é prisão, escola é um ponto de encontro importante para fazer amigos e basta. O conhecimeto vem a reboque dos fatos.
A leitura é oscilante, repetida aos tropeços, numa fala gaguejante de quem ainda não consegue apreender sentido. Ultrapassar o MURO, a parede que impede uma visão mais ampla exige energia, coragem e apoio. Diante desta situação, não sei quem mais precisa de ajuda, se o aluno ou o professor, muitas vezes mal formado e refém, de uma situação social e econômica quase tão precária quanto a de seu aluno.
Este projeto Gestar não impõe, ajuda a construir, aponta, enriquece, acompanha, experimenta, incentiva a pesquisa. Quer chegar onde outros não conseguiram, não por pretender "chegar longe", mas por saber "chegar com".

Adalgisa Botelho de Mendonça



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